sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Debate: CONFEF x Yoga

Reportagem: Carlos Durães
Edição: Filipe Freitas Rocha

Uma verdadeira batalha jurídica vem sendo travada há alguns anos entre o sistema CONFEF/CREF e profissionais de Yoga, Dança, Capoeira e Artes Marciais.

A Lei Federal 9696, aprovada em 1998, outorgou ao CONFEF (Conselho Federal de Educação Física) a autoridade para regulamentar e fiscalizar o ensino dessas práticas, sendo que o principal alvo, devido à sua expansão vertiginosa dentro das academias, era mesmo o Yoga.

Diversas liminares impetradas por associações de professores independentes, no entanto, cassaram a Lei, e hoje vários processos encontram-se emperrados, esperado votação na Câmara dos Deputados, em Brasília.

O CONFEF defende que qualquer atividade, tenha ela suas origens no campo das artes ou da filosofia, deve estar sob sua regulamentação desde que aplicada como atividade corporal e seja passível de causar danos à saúde e a integridade física, se mal aplicada.

Com isso, o CONFEF quer dizer que, por mais que os profissionais de Yoga que trabalham em academias ou outros segmentos do fitness aleguem ser o Yoga uma filosofia, eles não a estão aplicando como tal, pois a ênfase no condicionamento físico através de suas técnicas tem sido muito forte, bem como os riscos aos quais estão sujeitos os alunos de professores que não têm formação na área corporal, mas que enfatizam aspectos de fortalecimento e flexibilização muscular.

Para o Conselho, a regulamentação do Yoga traria vantagens tanto para os alunos como para os instrutores, como, por exemplo: Proteção e respaldo legal aos professores; fiscalização da profissão com base em critérios profissionais; consideração do Yoga como disciplina acadêmica; reconhecimento científico perante a sociedade; melhoria da qualidade de ensino, entre outros fatores.

Para alguns profissionais de Yoga que defendem a desvinculação da prática em relação ao Conselho, no entanto, este órgão não está primordialmente interessado na integridade dos alunos, mas sim na lucratividade de um mercado hoje muito vasto.

Segundo Anderson Allegro, diretor da associação Aliança do Yoga e professor há mais de vinte anos, o Yoga é uma filosofia nascida na Índia há mais de cinco mil anos e que propõe em sua essência, a "transformação da consciência" para que possamos ampliar a nossa visão da vida e conquistar um estado de "iluminação espiritual".

Para isso, além dos exercícios físicos, utiliza-se de uma grande variedade de técnicas como o controle da respiração, meditação, relaxamento e concentração mental, rituais devocionais, etc.

Assim sendo, o objetivo da prática de Yoga seria totalmente distinto dos objetivos do esporte, da competição e do fitness, razão pela qual o CONFEF não teria elementos para normatizar essa área.

Ainda segundo Anderson, considerar o Yoga como uma parte da Educação Física, só porque as academias o incluíram em seus programas, ou avaliar o Yoga por seus efeitos puramente físicos é "uma atitude reducionista inaceitável”.

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